quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Do dia em que eu briguei com uma galinha

era uma senhora amarga, dessas que ralou na roça desde os dois anos de idade. 
brava. 
cintura fina, quadril largo, coluna envergada para frente, passos curtos e roupas sempre pretas e marrons, sempre saia e camisa.

mas não era pessoa, era galinha. uma galinha amarga, de pescoço pelado.
brava.
não se sabe se seu ninho foi bem escondido ou se foi preservado, mas ela conseguiu pintinhos. muitos. oito ou nove.
pintinhos supervalorizados, como todos, talvez porque as galinhas saibam a vitória de manter seus ovos.

e foi o mini-menino, brincar lá fora. 
bem
onde
estava a família.
eu vi da janela, galinha brava!

corri, ela arrepiou as penas pra cima dele, eu corri, bati o pé pra ela, assustou, fugiu, pintinhos espalhados, mini-menino pulando, ela se arrepiou pra mim: vem pra cima dos pintinhos pra você ver! e lá foi na direção dele, que ria. corri, peguei no colo. ele ria. os pintinhos foram passando, a galinha se arrepiando pra mim, eu batendo o pé pra ela - o meu estava protegido, mas enquanto todos os dela ainda não estavam, lá vinha ela de penas para o alto. brava. amarga.