sexta-feira, 15 de maio de 2015

Palavras

hoje estava frio, não tão frio, que até o pequenininho falou: uiu. sim, ele, que não fala, falou. frio. e chorou, e pediu colo e me deixou o enrolar  na toalha e quis vestir a blusa. 
uiu. 
frio.
e, sim, eu me emociono a cada palavrinha mal falada não só pelo atraso enorme e pelo desafio de agir para que isso aconteça, ainda que sem saber como, mas porque quando se pisa no solo sagrado da responsabilidade pelo outro, real, sentida, profunda, não há como não se emocionar com um passinho pequeno que seja. é preciso descalçar e pisar nesta terra para entender e para compreender o outro de um jeito que se fica até sem saber como agir. porque a compreensão também pode dificultar o crescer. 
mas se para pra escutar. se para tudo para prestar atenção. e então se ouve: uiu. e se acolhe e se esquenta. e se veste e se coloca na cama e ele dorme com o braço na boca e, depois, fala dormindo: é meu. porque se fala, meu filho, nesse mundo, são as palavras que emocionam.


quarta-feira, 13 de maio de 2015