quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Guerra de deuses

eram 3, 3 meninos. meninos-moleques. 

um deles, estrategista. filho de atena. assistiu uma vez um filme de um louva-deus que estava comendo formigas e, rápido rápido, foi atacado pelas maiores do formigueiro. foi completamente esquartejado, morto e largado aos pedaços.

outro, guerreiro, desses da luta direta, corpo a corpo. filho de ares. meninão, menino grande.

encontraram um louva-deus aqui em casa. enorme, gigante. pronto. lá foram eles e capturaram o louva-deus em um pote de plástico. dizem que louva-deus é o vilão dos insetos, o mais mau de todos. o que vão fazer com ele - perguntei. não sei, depois a gente decide. e foram para a outra casa carregando o louva-deus. 

no caminho, estrategicamente, tinha uma trilha de formigas. coitado do louva-deus. rápido rápido foi atacado. bem... digamos que ele foi brutalmente lançado para o combate. lutou com muitas forças. era grande, o louva-deus. mas eram muitas as formigas... só que eram pequenas, entravam debaixo das asas, subiam nos olhos... ah, se fossem grandes!

por sorte, o outro menino era um pacifista, de trato com os animais. filho de pan. com sua calma convenceu os dois que não e tirou o louva-deus de lá com um pauzinho. saiu ferido, o bicho, mas agradecendo a todos os deuses que a empatia existe.



sábado, 23 de agosto de 2014

Quando, meu filho? Quando???

é, meu amorzinhozão,
há indicações pediátricas para que eu não deite com você na hora de dormir. 

mas, me diz, meu querido, onde eu vou lhe ver piscando devagar até se entregar de vez aos sonhos? quando vou repousar minha mão em seu braço e perceber que, do seu ombro ao seu cotovelo, minha mão indé maior? como vou lhe ver rindo de tanto sono, quando você se segura ao máximo pra não dormir? 


as gargalhadas de sono, elas são gostosas, eu sei - já bem ri assim aguardando a chegada do sol em mongaguá... 

quando você vai sorrir pra mim, um sorriso bonito e sincero, de boca fechada e de olhos apertados, ao ajeitar o cobertor sob o queixo? e, em dias de agito maior, em que eu peço silêncio e quietude, como vou sentir suas duas mãos tapando a minha boca? e em que momento você vai me deixar deitar com a cabeça em seus ombros e acomodar seu pequeno braço envolto em meu pescoço? 
às favas as indicações! pois se não agora, quando vamos nos curtir antes de dormir? 


sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Metades e partes

não por serem sangue do nosso sangue, não, não; nem pelo carinho que lhes doamos - são outras as razões que fazem deles, os filho, parte de nós. são pontos práticos, palpáveis, mensuráveis, visíveis, vivenciáveis.

parte é a energia e, para tê-la, é comer e dormir. 
parte é a disposição e a disponibilidade e, isso, está no tempo.
parte é o pensamento, que vive nas decisões.
e outra parte é a emoção, que brota das glândulas, altera os batimentos cardíacos e a temperatura, descontrola a respiração.

o que se come, o que se dorme, o que se decide, as horas e o corpo são as partes nossas que dispomos a eles. 
caso nos darmos demais seja loucura, (como bem disse Oswaldo Montenegro) que nossa loucura seja perdoada, porque metade de nós é amor. e a outra metade, também.


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Eu olho para o mini menino

um suspiro percorre meus cantos mais escondidos e me invade em pensamento: 
não teremos mais nenéns em casa... 
quando me sai, lentamente, percebo: 
meu amor 
pelo mini menino 
é amarelo frevo.




sábado, 2 de agosto de 2014

2 e 12

por volta dos dois anos que cada um é. isso porque, antes, não se é pessoa, mas mundo, todos à volta e tudo em si, um único, uno, redondo, um. 
umbigo.
aos dois é que se torna ser.

aos doze, mais ou menos, com uma década de experiência em ser, torna-se si mesmo. 
experimenta-se a si no mundo, no mundo não-família. sai-se do círculo próprio e arredonda-se, no mundo, em relação e em experiência. 
faz-se a si mesmo.
por volta dos doze, adolescer.

educar como formar, é dar determinada forma, percebe-se o outro como vazio e o preenche. mas, como vazio, se antes dos dois, um único em si com todos e tudo à sua volta? como vazio, se antes dos doze, um ser?

educar, então, só em contato direto com o ser que se está aprendendo a ser e, depois, em contato direto com o ser si mesmo que está se descobrindo. estar junto, viver ao lado, conviver,  sendo si mesmo e deixando que o outro venha a ser e torne-se si mesmo.

ser e adolescer.
ambos são processos e, como tal, difíceis e passageiros. processos para tornar-se adultus, do latim, único (pois singular), crescido. processos intensos, profundos e essenciais, literalmente. preenchem cada um de si mesmos.

são processos difíceis para quem os vive. quem está ao lado há de suportar, ser suporte, e permitir que o outro passe pelo que é preciso passar.

mas, desconsiderando isso tudo e, então, sendo indiferente às dores e à beleza do vir a ser,  dos dois, diz-se terrible two; dos doze, aborrecente. 

aqui, não há terrible two, tampouco aborrecente. há um sendo e outro adolescendo.