sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Sinal dos tempos

a varanda não é alta. em frente a ela era terra pura, era descuido. isso porque a ideia era ter um jardim como o da Dona Rosinha, mas as mãos só encontram os mistérios da terra e não conseguiram. falta de persistência, em partes; ausência total de criação do trato necessário, em essência. então a terra tem sido transformada em espaço pra brincadeiras, com pneus enterrados e, em ideia, com um parquinho. balanço, talvez. 
foi gramada.

tem uma amoreira (não a maior) que faz uma sombra gostosa no barranquinho onde é bom sentar. já montamos uma piscininha na grama, também, e só o vento tem o dom de tirar os pequenos da água. 
essa casa é caminho de um vento.

da grama para a varanda e da varanda para a grama são uns cinquenta centímetros, na maior parte. quarenta, em uma parte menor. é pela varanda que chegamos e é a ela que vamos quando saímos pelas portas. de lá vemos o sol e a lua nascer e temos a paisagem. em três passos chegamos da porta a beira, não é um varandão.

quando aprendeu a andar, o mini menino saía pela porta, caminhava a passos rápidos bem até a beiradinha. parava ligeiro. e a gente, por medo de queda, pulava pra lá e pra cá em frente a ele. ele nunca caiu. e a gente nunca mais relaxou na varanda.

foi então que uma tela de galinheiro apareceu lá. só com um metro de altura, fechou a frente toda da varanda e o pedaço de um dos lados.

agora o tempo mandou seu sinal, encompridou as pernas do pequenininho e a tela foi embora. enfim, livres! bom é que acabou a volta pra pegar amora, é que deitados na rede, vemos o horizonte limpo. bom é que em um pulo a pequena já vai brincar nos pneus e que o grandinho não tem mais que mijar pelo buraquinho.



domingo, 26 de janeiro de 2014

Pensamento não aleatóreo

mas no fundo eu sei que isso não passa daquelas loucuras de cabeça de mãe.


Pensamento aleatóreo

não sei como o grandinho não parou de questionar tudo na vida com toda a minha brutucuzice. das duas, uma:
ou foi sorte, muita sorte;
ou foi uma persistência feroz escorpiana. 


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Normal? Não, obrigada.

nossa, mas é agitado, hein! esse menino é maluco! caramba, ele é ligado em 220!

sim, sim.

e então, seguindo o caminho lógico de pensamento adulto, eis que chega:
ele é normal?



tóóim
em um milésimo de segundo meus olhos deram meia volta completa e eu fui levada a outro mundo.

normal é o que está dento da norma. 
a norma é de padrão de comportamento. 
o padrão é aquele em que seja mais fácil de nós, 
adultos, 
lidarmos. 
então, não, ele não é normal. 

mas se eu falar isso, lá vem patologização. 
então, não, 
eu não vou dizer que ele não é normal. 
tóóim 


depois de um segundos no mundo dos olhos voltados pra dentro, completando um segundo e dois milésimos de um infinito silêncio, me chega um sorriso tranquilo e eu digo com convicção:

_ ah... ele é tão feliz!


sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

2014







2013

me perdoem, meus filhos, que eu tenha exigido tanto, tanto, tanto de mim que não tenha conseguido me dar a vocês. que eu tenha refletido sobre nossas conexões a ponto de não recobrar a postura e olhar nos olhos. que eu tenha perdido tempo em inutilidades e não tenha me disposto ao essencial. foi um ano duro. e eu cansei.

mas agora acabou: o nosso planetinha deu mais uma volta em torno do Sol e cá está ele, girando, girando, girando, girando - infinitamente, será? 
então façamos como este nosso querido chão está fazendo mais uma vez e, com o perdão que o nosso amor é capaz, vamos seguir nesta próxima jornada de voltas e tresvoltas da Terra. 

com nossas revoltas e revoluções internas, claro, mas em frente, cada qual em torno de si mesmos e em torno de algo maior. juntos e ligados uns aos outros, sempre. mas autônomos, também. 

vamos nos libertar das amarras de distrações inúteis e daquilo que nos tira a capacidade de auto cura. voltar à disponibilidade necessária. 
se antes houve exigência extrema de força e de coragem, usemos delas, de ambas. mas só - e somente só - se estas foram realmente criadas com raiz, e não se tiverem aparecido brevemente pelo medo, não se forem frutos da vergonha só fantasiados de bravura. 
vamos em frente preenchidos de nós mesmos. vamos nos dar uns aos outros. vamos nos esvaziar pra, então, enchermo-nos com o outro que nos foi dado e aumentar o nosso rol de sentimentos, a nossa disposição e disponibilidade. 

sigamos, sigamos para cima, para mais, para além! porque vocês estão crescendo. e isso é assustador. mas é lindo. e é. 
sejamos.

com amor,