sábado, 21 de dezembro de 2013

Enfim, o verão

foi quando o grandinho nasceu que aprendi a ter medo. antes o medo era soberano e, por isso, a coragem reinava e me deixava toda destemida. depois, não. depois veio o medo. sem dor, sem peso, só veio. e tem seu lugar.
a vergonha não, esta é intrínseca e nós aprendemos a conviver. foi o tempo que ajudou. (e uma boa dose de bolinha de açúcar, vai.)

o medo gela. o sangue concentra no peito e esfria o resto, fazendo correr ou paralisar. 
a vergonha, ao contrário, leva o fluxo vermelho em outro sentido e o escancara em nosso rosto, essa danada. todo mundo vê.

e é lá que estão nossas emoções: no vermelho do sangue.
com medo, as emoções embaralham bem lá dentro e a reação é confusa. 
já a vergonha deixa um vazio enorme.

tem também a culpa, que consegue não provocar nada no corpo e mostra sua perspicácia na nossa mente, não no coração. 

e assim foi. 
uma sensação no peito de um nó infinito tão compacto que, não preenchendo o espaço necessário, encheu de caraminholas a cabeça e dissipou toda e qualquer disponibilidade, aquela que faz as coisas boas acontecerem e que manda embora o medo, a vergonha e a culpa. 

mas agora é verão.
outras flores, amores e dores virão. 


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