quinta-feira, 15 de agosto de 2013

De filhos e amoras

porta aberta. 
de repente uma pequena mãozinha pega o meu dedo e me puxa. vou, pra ver aonde. para fora de casa: para fora da varanda: vamos para o pé de uma árvore.

ahn? me diz a voz de neném grande que aponta para as folhas. amoras! pego uma madura e sua pequena boca começa a ficar manchada de rosa-roxo. e as mãos. _ahn? ahn?, quando a frutinha rapidinho já passou das mãos pra boca e pra barriga. são muitas!

e no emaranhado dos galhos, as amoras amadurecem enquanto estamos lá, vemos cada vez mais e mais! e mais! amoras parecem milagre, disse uma amiga certa vez, enchendo um copo delas para levar pra uma criança de outra casa. e são. justo quando as mães já cansaram e querem entrar em casa de novo - o que demora, pela beleza das mãos e boca sujas, das mãozinhas segurando um galho e respeitando as amorinhas verdes, do movimento da boca mastigando aquele pedacinho de milagre -, as amoras param de amadurecer.

amoreira também é mãe.
filhos também são milagres.


2 comentários:

  1. Oi, Bela. Linda crônica. Me fez voltar no tempo, aqui no sítio, eu levando milha filha ao pomar de laranjas. Nossa, quarenta anos! São momentos lindos da vida da gente que não são esquecidos nunca. Você irá lembrar-se por toda a vida de seu filho com as mãos e o rosto sujos de amoras, além do respeito dele pela planta. Aliás, você está juntando, aqui no blogue, uma série de crônicas que, um dia poderão estar reproduzidas em um livro muito agradável. Parabéns!
    Abração.

    ResponderExcluir
  2. Você é um dos meus milagres, minha amora!

    ResponderExcluir