sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

"Aprender precedeu ensinar ou, em outras palavras, ensinar se diluía na experiência realmente fundante de aprender."

Pedagogia da Autonomia, 2007, p. 24.

no ensinar, se aprende; no aprender, se ensina. talvez seja este o pensamento mais difundido do querido Paulo Freire. soa lógico. é bonito. mas aprender, de fato, só existe no quente da vida. não sei quantas pessoas entendem esse pensamento de coração, quantas compreendem no cantinho mais profundo de si mesmas.

Painel Paulo Freire - obra de Luiz Carlos Capellano, dez. 2008. 
Instalada no Centro de Formação, Tecnologia e Pesquisa Professor Milton de Almeida Santos (CEFORTEPE), em Campinas.


foram cinco anos com o grandinho. só então veio a pequena. a barriga crescendo trouxe à cabeça um pensamento constante, duro e direto sobre o ser-mãe, genericamente, e sobre eu-mãe. revisão de mim. (árduo, árido, ardido este espelho). decidi ser outra mãe com a pequena, mais doce e suave. outra mãe que eu seria com ela e com o grandinho. 

o início do aperfeiçoamento, hoje vejo.

e assim fui: uma mistura: a que eu era antes mais a que queria ser - o desejo é sempre maior do que o possível.

mais cinco anos e veio o mini menino. eu-mãe, afundada nas minhas possibilidades, já era mais leve. enquanto a barriga crescia, outras seis, sete, oito e, por fim, nove crianças me rodeavam e cresciam junto, numa sala de aula que se encheu de alegria e preencheu meu coração. de verdade: não tive tempo de pensar em eu-mãe, só de ser.

então veio o mini menino. minha felicidade fez ser minha maior vontade, sorrir. eu sorri. e decidi sorrir toda vez que estes olhinhos pequenos me vissem, fosse quando fosse, no meio de uma madrugada mal dormida, durante um banho ou em qualquer momento à toa. não um sorriso falso, irônico, sem graça. não esconderijo de dor. sincero, simples. sorriso! alegre. carinhoso.

passado um ano, eu e o mini menino nos vimos no hospital por alguns dias. medo, susto e dor se misturaram em mim e nele, cada qual do seu jeito. mas o danado sorriu. simplesmente. eu aprendi o que nem imaginava ter ensinado. eu, quando sorri, só queria que ele tivesse uma imagem boa de mim. ensinei sem saber.

apesar do ruim da situação, foi bonito de ver: ele enfrentou a dor, o medo e o susto com muita ternura e alto astral – sorrindo – ele é assim, mesmo!


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Historinhas pescadas nas falas de crianças 7

há muito tempo atrás, um menino estava na varanda e gritou pra mãe, que estava na cozinha:

_ mãe, por onde a abelha pica?

nem deu tempo da mãe responder e ele apareceu, chorando:

_ é pelo bumbum, mamãe, é pelo bumbum! uáááá



sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Primeiro dia de aula

e a dor de colocar as crianças em um lugar onde eu não acredito que haja educação, no sentido mais sagrado do termo, continua. mas para minha surpresa a pequena foi feliz e contente. bota surpresa nisso. 

muita surpresa. 

acordou toda toda, alegre da vida porque hoje teria aula! fiquei na escola com ela por mais de uma hora, senti seu coraçãozinho batendo acelerado, vi sua vergonha estampada no seu esconderijo atrás do meu bumbum, abraçada a minha perna e no seu encolhimento no meu colo. sofri por isso.

hum! bobeira!  

já em casa ela me disse:
_ mamãe, você viu como meu coração tava acelerado lá na escola?
_ vi sim, filha.
_ eu tava com muita vergonha, mas mesmo assim meu coração tava apertado de tão feliz que eu tava!

e lá foi ela dormir muito feliz porque no amanhã seria o segundo dia de aula. dormiu em menos de cinco minutos.

maternagem é mesmo lugar do surpreendente.



terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Que venha 2013!

desejo um ano ímpar para todos! 
em que haja desenvolvimento, espontaneidade, carinho, sinceridade, beleza, surpresas, disposição, animação, diversão, noites bem dormidas, bons sonhos, boas comidas, apetite, reflexões. 

abraços, beijos, carinhos (ainda que estabanados, às vezes) e colo, sempre que necessário.


é isso que desejo pra todos nós.


e pra que as promessas não faltem, prometo pensar (e escrever) sobre a diferença entre infância e criança; prometo pensar (e agir) sobre o direito das crianças e o direito à infância. 

que tenhamos um ano infantil!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Apontamentos sobre a praia


* o mar, esse gigante, é um brinquedo incansável.*


* a areia, um brinquedo sem fim.*


a praia é lugar de adoçar curiosidades: o que é a areia? de onde vem as ondas? como elas se formam? 
encontramos até uma planta carnívora que comia conchas!*



* sem contar os siris, que são divertidos de serem enterrados. depois ele limpa os olhos com as patinhas.*



* a pequena foi, pela primeira vez, à praia: num tô aqueditando no tanto de areia!

o grandinho recebia as ondas no peito e na cara, de braços abertos.

e o mini menino, ah!, esse provou areia e não gostou, mas a água do mar, hum, que delícia!*



* depois de vinte dias, voltamos, todos adoecidos. mas felizes!
e renovados.*