terça-feira, 25 de setembro de 2012

Ahhh, os irmãos...

eu recomendo a quem quer ter filhos que os tenham. 
mas eu recomendo fortemente que tenham mais que um filho. e garanto: pouca coisa é tão bonita quanto ver a construção da relação de irmãos. dura construção, árdua - mas linda!

eu não posso falar de irmãos que têm a idade próxima. mas eu posso decididamente falar da diferença boa de idade. e tenho por certo que leva a um orgulho mútuo. 

emociona ver o grandinho e a pequena comemorando cada passinho que o mini menino dá. cada aprendizagem dele é um evento aqui em casa. 

agora ele está engatinhando e o grandinho observa, ri, se diverte e seus olhos de menino briiiilham. a pequena bem faz suas estripulias com o mini menino, testa as capacidades dele e morre de dar risadas. assim ele vai aprendendo um pouquinho mais rápido. e diz ai, que bonitinho!, a cada vez que vê seus dentinhos novos. 

parece-me que não tem melhor jeito de aprender o cuidado que na relação de irmãos.  bom era ter filhos indefinidamente, pra não existir o mais novo. 

dizem que o caçula é mimado. não é, ele só não tem aquela chance que os outros tiveram de, ainda criança, aprender a cuidar de outra criança, de sentir os olhinhos brilhando e o peito se enchendo de coração a cada conquista daquele que é só um pouquinho menor que ele mesmo. 


domingo, 23 de setembro de 2012

A palavra é reflexão - ou - Isso é cobertor sob o queixo

e é bem porque cada gente é uma gente que a gente precisa o tempo todo todinho pensar sobre o que a gente faz da gente e entre a gente. agir por hábito não dá, a gente tem que pensar. sempre.


sábado, 22 de setembro de 2012

Sobre Barbie e generosidade

antes de ser mãe eu dizia que filha minha não teria Barbie. qual o quê! a maternagem nos leva a caminhos inimagináveis! ainda que bem veja e entenda os problemas da imagem da Barbie, é tão bom ver a filhota brincando feliz e contente... 

esses dias me pus muito a pensar sobre brinquedos. ora, são só suportes para a imaginação. a imaginação é o que conta. 

ontem a pequena apareceu com uma Barbie: pegou emprestada de uma amiguinha com nome de sereia. a boneca estava com a roupa rasgada e a pequena foi logo pedir ao pai que comprasse uma roupinha nova pra dar de presente pra amiga. que nada, disse o pai, faz uma junto com a mamãe.

ótima ideia! 

por acaso, dia desses um vestido da pequena rasgou. tiramos o forro do vestido e vamos fazê-lo virar um vestido novo. pegamos um pedaço que não estragou e vamos colocar um elástico pra virar uma saínha lindinha. e o pedaço que rasgou virou a blusa da Barbie. de um mosquiteiro velho - o mesmo que virou forro do terrário da nossa amiga lagarta - cortamos mais um pedaço e fizemos um saião.  a pequena ajudou a costurar: tão bonito ver aquelas mãozinhas trabalhando!


é disso que se trata a disponibilidade. 

enquanto fazíamos, a pequena dizia: ai, tomara que a Iara não chegue, tem que ser surpresa pra ela! pois bem, claro que ela chegou na horinha de terminar a saia! eu ouvi sua vozinha fininha e a vi pela janela. pequena! ela taí, esconde a boneca, esconde, esconde! deu tempo. quando olhei de volta pra pequena, ela estava pálida de susto.

uma fitinha pra completar a saia e, pela noite, terminei tudo. ganhei um sorriso tão bonito e um ai, mamãe, obrigada! tão sincero, tão espontâneo, junto com um abração nas pernas! 





amanhã a pequena vai devolver a Barbie com uma roupa nova. 
quem diria! por vezes acho que ser mãe é inevitavelmente cuspir pro alto. pois é... a tão mal falada Barbie me mostrou da pequena a generosidade. 


domingo, 16 de setembro de 2012

Historinhas pescadas nas falas de crianças 3

conheço um Jefferson Yuri que, quando aprendendo a escrever, viu a pequena aprendendo a falar e garantiu: vai ser muito difícil ela conseguir dizer o meu nome - porque se escreve com dois efes.


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Filosofices do grandinho


deparei-me com essa hoje.
(daqui: http://blogdoorlando.blogosfera.uol.com.br) é a cara do grandinho, típico dele. ele não diria do mundo do trabalho ou do trânsito, mas diria do big bang, do universo. com estas devidas ressalvas, poderiam ser palavras da boca dele. 

dia desses me disse que preferia não ser assim, que muitas perguntas sem respotas pululam na cabeça. e a pulga atrás da orelha! eu digo: continua perguntando, um dia você encontra alguém que saiba a resposta. ou, talvez, você mesmo encontre a resposta, quem sabe... 

pergunta, pergunta, pergunta...

agora a nova mania é um joguinho de computador, esquisitinho, em que ele cava um buraco enoooorme, até chegar do outro lado do mundo. mas quando chega lá, morre: "João caiu para fora do mundo", aparece na tela.

pronto! foi a gota dágua pra reflexão. se fosse possível, ele começou, fazer um buraco pra chegar no Japão, como seria? será que a gente ficaria preso no centro da Terra? porque do lado de onde a gente começaria a cavar o buraco, teria a gravidade empurrando a gente para o fundo do buraco, mas quando a gente passasse para mais perto do Japão, a gravidade faria força no sentido contrário. como seria? a gente ficaria preso no centro da Terra?

bem, como diz a professora dele, durmam com essa!


segunda-feira, 10 de setembro de 2012

domingo, 9 de setembro de 2012

Sobre a morte

por dias pensei se escrevia sobre isso ou não. por dias, pensei que não, que aqui é espaço de coisas boas. outros dias, que sim, aqui é lugar do vivido. venci a mim mesma e vou ao registro da vivência da dor, da perda, do choro e da completa ausência de sentido.

perdemos uma amiga. de fato, a filha de uma amiga. e ganhamos uma vivência triste. 

eu choro pela dor da perda, mas principalmente pela dor da mãe. por essa mãe-mulher-guerreira que tanto luta por toda a vida e perdeu a filha. que viu a cara do sofrimento maior na dor que sua filha querida sentiu. que está sem um pedaço de si mesma. choro pelo que essa mãe passa e ainda vai passar na volta à rotina, pelo buraco que deve estar dentro dela. da mãe e da irmã. 

dói-me mais a dor alheia que a minha. sinto raiva com sua raiva do inimigo oculto que tirou dos seus braços a filha. sinto com ela a mesma imensa vontade de que fosse ela no lugar da filha. sinto o desejo de juntar minha mão à dela e tirar de dentro da filha aquilo que a fez ir embora, de arrancar com as mãos a doença. tão agressiva doença... esse é meu choro maior. sofrido.

a pequena não. ela chorou pela menina que se foi. pela dor que deve ser a morte, pela própria morte. quis ver o sepultamento até o fim para poder ver as coroas de flores serem colocadas sobre a terra - homenagem final. chorou pela distância entre filha e mãe, entre as irmãs. e agora? como elas vão ficar?

choramos juntas. ela no meu colo.

lembrei-me então do que o pai disse, certa vez: pequena, sabe o que eu penso? que morrer é ir viver em outro lugar. nos sentimos melhor de lembrar disso. mas a distância continua. talvez até aumenta, quem sabe? lembrei-me de outras mortes vividas e da sensação de um espaço vazio dentro da gente. mas esse espaço vai aos poucos sendo preenchido com as lembranças. todas as lembranças: ruins e boas, tristes e engraçadas, sofridas e felizes. e assim o espaço se torna como que um quarto cheio de almofadões e almofadas gostosas de se sentar e deitar, um quarto para se entrar e ficar à vontade. um quarto no coração, onde se vai pra chorar, mas também pra rir; pra sentir ainda mais saudades, mas também para acabar com ela; um quarto onde se entra com um sorriso triste no rosto. a dor continua, talvez eternamente, mas o espaço se preenche.

continuamos chorando.
acalmamos quando me lembrei de uma fala do grandinho, dita já há algum tempo. a pequena também gostou. certa vez ele me surpreendeu com a beleza do seu pensamento: mãe, eu acho que o amor é como um imã grande, bem grande. um imã gigante que mantém juntos aqueles que se amam. amor verdadeiro. a distância, assim, deixa de existir. elas estão juntas, mesmo separadas, porque o imã gigante do amor faz isso. deixa cada uma no coração da outra. 

choramos um pouco mais. e dormimos juntas naquela noite dura.



quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Historinhas pescadas nas falas de crianças 2

um pequeno de 4 tirou uma meleca do nariz. outro pequeno de 3 estava olhando.

o primeiro pergutou: quer?
o segundo aceitou.

enrolou, enrolou aquela meleca, fez cara de nojo e falou: não quero mais.
e devolveu a meleca pro dono.