domingo, 27 de maio de 2012

O efêmero e a permanência

banho com a pequena - delícia! invariavelmente desenhamos no vidro do box. e eu lá, pensando que é bacana isso pela impermanência do desenho, viajando no efêmero do ato. é um aprendizado, isso, não? lidar com o efêmero?

pois bem. acabamos um desenho de uma linda carruagem de abóbora carregada por dois cavalos em uma noite de lua minguante, estrelada que só! a cinderela e a rapunzel estavam lá dentro. mas e o cabelo da rapunzel, como vai ficar, perguntei. ah, já sei!, tive como resposta, as crianças fizeram uma trança cheia de flores que deixou o cabelo chegando só até o chão (só!).

lá estavam as duas, dentro da carruagem. lá estavam os cavalos, o cocheiro, o chão, o céu estrelado e tudo o mais. e também os respingos da água, começando a apagar o desenho. o vapor.

eis que a pequena acaba com meu sonho de efemeridade: vamos sair e desenhar num papel?

lógico que vamos!

ora, pra que foi feito esse blog senão pra registros daquilo que não quero que se perca assim... tão fácil... na memória...? 

algumas coisas merecem permanência, noué? 


sexta-feira, 11 de maio de 2012

Pra se ser o que quiser


dizem alguns que é bobeira perguntar a uma criança o que ela quer ser quando crescer. 

bobagem! 

a imaginação dos pequenos voa com essa perguntinha – eles podem ser o que quiserem...

outro dia a pequena que me fez essa pergunta. adorei! e respondi: um urubu: é lindo o jeito como voam; deve ser bom!

ela discordou. não dá pra ser uma coisa que já não se é, respondeu. e lá foi fazer a perguntinha pro pai.

uma furadeira, o pai respondeu a ela.

gosto de imaginar o que se passa na cabeça de uma criança.  mas realmente não sei o que passou na cabeça do pai...


terça-feira, 8 de maio de 2012

Hora deste blog

aviso aos navegantes

o horário das postagens deste blog está de acordo com este relógio

Relógio  para Perder a Hora,
obra de Guto Lacaz.


isso NÃO é uma brincadeira.


sábado, 5 de maio de 2012

Gente mais gente - de como tem peso que é bom


o mini menino me faz lembrar que somos animais. é que pra ser gente, leva tempo.


no início não era o verbo. não, esse ainda demora! era só instinto, o mais puro, o da busca de encher a mini barriguinha. a gente só vem sabendo mamar. ponto. mais nada. até fazer cocô a gente aprende.

o mini menino, só agora, vem controlando um tiquinhozinho os movimentos. está brincando com os sonzinhos que saem da boca e aprendendo o que é uma conversa. já aprendeu o que é banho e o que é roupa - e fralda. dá cada risada gostosa quando a gente brinca de amassar ele!


mas ele ainda golfa na roupa e as vezes até engole. ainda faz cocô em qualquer canto. e ainda mama. é um animalzinho começaaando a aprender a ser gente. beeem devagariiinho... 

(é que cultura se aprende e ser gente é viver na cultura, não no instinto.)

eu sou uma completa encantada com esse processo de virar gente, confesso. amo ver bebês e me ponho a pensar: que responsabilidade é ajudar esses pequenos a ser gente! de preferência, gente mais gente.

gente que vai respeitar as pessoas independente de cor, da sexualidade, da profissão - ou seja lá do que for. respeitar principalmente aqueles que pensam e vivem o exato oposto do que a gente acredita ser o melhor. gente que sabe cooperar e sabe sentir junto com os outros. que sabe ajudar.

quantos ainda mostram aos pequenos, aos mini meninos espalhados pelo mundão afora, uma outra cultura... do desprezo, da prepotência, da superioridade sobre os outros, sobre os bichos, a natureza... sinto pena. quem disse que ser gente é estar acima de tudo e de todos? acima do respeito?

ver o mini menino me faz lembrar da responsabilidade que temos. mas não é responsabilidade com ele e com os pequenos do mundo. 
não, isso é fácil! a Responsabilidade é com o mundo. um mundo de gente mais gente.

que peso!

mas é um peso tão gostoso de carregar...



quinta-feira, 3 de maio de 2012

Infância; palavras...


certas palavras dizem tudo e não mais é preciso. as crianças são boas nisso. estar com elas - conviver -, me parece, é também nos tornar mais forte nesta compreensão. é viver no pensamento sensível infantil, na vivência dos sentidos, com os sentidos, através dos sentidos, principalmente. 


sensível, mesmo, não mais. (cor do sol, por do sol...) 


conseguimos isso na nossa loquacidade adulta? na nossa necessidade extrema de palavras, muitas palavras? falo por mim: não sei não...


o grandinho, hoje, comentando sobre a madrinha do mini menino, falou que gosta muito dela. a avó perguntou _ por que? e ele, dizendo tudo em suas poucas palavras _ é que ela é bem sem noção.


infância, me parece, é isso. 


não mais.