sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Surpreendente

as surpresas das crianças se escondem em muitos cantos. mas quando são maduras surpreendem mais, caem de uma vez em nossa cabeça e o pescoço até vai pra trás, rearranjando toda nossa postura. 

conversando durante o almoço, o pai contou que me defendeu: _isso não é preconceito dela, é conceito.

o grandinho: _preconceito, pré-conceito, conceito... preconceito, então, não é necessariamente coisa ruim. 

tóim! viro a cabeça na direção dele, sobrancelha franzida: e não é que tá certo?


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Das galinhas



eu não sei qual dessas que chamou a vovó, mas pode ter sido a preta, também.


Dos ovos da mariposa

11 anos. 11!

e tinham quase 40 pessoas aqui comemorando com a gente. bom, bom! 

a pequena, sempre que pôde, ficou vigiando os ovinhos da mariposa pra ninguém encostar - muito medo. e outro pequeno, também de cinco, falou: deve ser ovo de jacaré!


pois bem, nem jacaré, nem mariposa, nem larva, nem lagartinha, não nasceu nada daqueles ovos... amarelaram, amarronzaram, murcharam e - nada!




vida dura essa de observadores de bichos!

mas, tá bom, tá bom, já apareceram outros ovinho, mesmo! desta vez na caixa de gibis.

a pequena queria tirá-los dali, mas ela viajou. eu e o grandinhos vamos observar enquanto ela não vem. 

Vamos e veremos, de novo, de novo, denovodenovodenovodenovo... 


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Silêncios II

mas a gente fica doida pra ouvi-lo falar: mã-mãe!


Silêncios

vida com neném é vida em silêncio. se está tudo bem, são sorrisos, gestos, carinhos, expressões e só. corpo e rosto bastam para entendimento mútuo. 


domingo, 25 de novembro de 2012

Golpes de nenéns

concordamos, eu e um amigo do grandinho, que o mini menino tem alguns golpes: dar tapas; bater com as duas mãos (como o king kong); beliscar; morder; puxar o cabelo, o nariz ou a orelha, o que estiver na reta; e - o golpe mais baixo de todos! - chorar.

mas hoje ele se superou e abaixou ainda mais o nível dos golpes: chorou dando três, quatro, cinco passinhos. 

aí já é maldade demais dele!




sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O dia em que a cigarra colocou o grandinho pra correr

foi assim.

cigarra, todo dia, canta, ou melhor, grita às sete horas. (sete por que é horário de verão, mas é seis.) grita tanto que parece que o dia inteiro ela sufoca esse grito pra, no seu tempo, na hora exata, se libertar daquilo. soa como um alívio, o grito da cigarra. e é tão alto que ela tem um jeitinho de tapar o próprio ouvido pra não explodir na agudez da sua agonia libertada - isso o grandinho que me ensinou.

mora uma cigarra aqui. uma, não, várias. só que uma está mais próxima da gente, na quaresmeira em frente à varanda. e grita. mas quando alguém passa perto, ela para. 
de uma vez. 
parece que cigarra tem olhos nas costas.

isso, eu contei pro grandinho e ele, desafiado, foi de va ga riinho tentaaando chegar perto dela.

enquanto isso, percebemos:
1. que o grito da cigarra não começa tão agudo, mas vai, bem aos poucos, bem devagar, bem lisinho, ficando cada vez mais agudo.
2. que quando chega no auge da agudez, ela faz: iá iá iá iá iá iá.
3. contamos. na primeira vez, fez iá trinta e sete vezes. na segunda, vinte e quatro. na terceira, vinte e três. parece que não tem regularidade no tanto.
4. ela para os iás de repente. 

e o grandinho indo. ela parou os iás de repente. acho que ela te viu, falei. ele, devagar, voltou dois passos. ela voltou a gritar. ele continuou a andar. viu!, e me falou onde ela estava. ela continuou cantando. mas, de repente, ela parou de cantar e vum! voou na direção dele! fez um círculo: voou e voltou pra árvore, voou e voltou pra árvore! no susto, ele correu de lá! 

ela voltou a cantar. contei cinquenta iás e, quando entrei em casa, lá estava ele, no meu quarto, na cama.

foi assim.


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Coisas da roça II

Dia desses, uma das vovós em casa, e a galinha lá fora: pó, popopó, popó, pó, popó...

A vovó aparece na sala e diz: oi? quem me chamou?



segunda-feira, 19 de novembro de 2012

CONTRA Violência na Infância - ou - eu quero mais é carinho

eu conheci uma menininha lindinha faz um tempinho. engraçado, não me lembro seu nome... ela era negra, não tão escura como sua mãe e sua avó, e por isso seu cabelo foi pintado de loiro. descolorido. 

essa menininha tinha cinco anos.

eu a conheci em uma escola em que trabalhei por um tempo. 

um dia, cheguei na escola e a professora dela veio conversar comigo, muito preocupada. a menina estava cheia de roxos pelo corpo e uma mancha branca no rosto. fui conversar com essa pequena. ela desenhava um jacaré nessa hora.

_ é que eu queria brincar na casa da minha amiga, da minha vizinha, e minha mãe não me deixou ir, por isso ela me bateu - a menina me disse.

que nada! é que a menina tinha que limpar a casa. pegou seu irmãozinho de seis meses no colo pra poder limpar o lugar onde ele estava e acabou deixando o neném cair. por isso a mãe bateu.

_ ela me bateu no bumbum, aí eu corri, aí ela me pegou e bateu nas costas, eu corri de novo. aí ela puxou meu cabelo, me jogou no chão e jogou um negócio branco na minha cara. 

_ o que era, meu bem?

_ eu não sei, mas doeu.

doeu em mim, também.

enquanto falava, começou a desenhar pressionando o lápis contra o papel cada vez mais e mais, até resgá-lo. pediu outra folha pra professora e não quis mais falar sobre isso. 

essa menininha me fez entender um pouco mais a violência na infância, me fez ser contra violência na infância de corpo e alma. denunciamos no conselho tutelar, mas os conselheiros também apanham com a impossibilidade de soluções. sentem solidão nesta luta - fato.

há quem pense que assim, sim, é violência, mas tapa no bumbum, não. não vejo diferença, a não ser na quantidade. a qualidade é a mesma: violência. 


e não me venha dizer que é educação! 

é que se acarinho a cabeça de uma criança e minha mão quase a cobre por completo, do mesmo jeito, cobre o bumbum por completo também se usar minhas mãos para bater.

eu não queria um gigante com a mão do tamanho do meu bumbum pra bater em mim - ainda que ele estivesse com as melhores das intenções. 

essa menininha não entendeu porque apanhou, pensou em um motivo completamente diferente. acho que nenhuma criança é capaz de entender a violência. ora, se nós também não somos...

eu quero mais é carinho.



sábado, 17 de novembro de 2012

Coisas da roça

de repente eu vejo uma vaca no quintal passando em frente à janelona do quarto das crianças. enoooorme.

o pai saiu e deixou o portão aberto.

tendo que levá-la para fora do quintal, fui. chovia ralo. eram três vacas. três!

eis a cena:

eu, na chuva, com um chicote e guarda chuva nas mãos, neném no colo, saí pra espantar as bichonas. 

a pequena, com medo da vaca pular a janela e dar uma chifrada nela, ficou no quarto em cima de uma caixa, olhando pela janela agitando uma vassoura na mão.

***

já o problema do pai é com galinhas.

outro dia, faz tempo, deixamos a porta da cozinha aberta e fomos pro quarto. eu, ele, a pequena e o mini menino. o pai cochilou. o grandinho chegou da escola e: uma galinha na cozinha. ele tentou espantá-la, mas a bichinha assustou e pulou no batente da janela cacarejando, batendo asas, barulheira danada! não saiu porque a janela é de vidro, mas derrubou na pia um copo que quebrou e o grandinho gritou de susto.

pronto. o pai acordou num susto maior que o da galinha e do grandinho, saiu correndo do quarto, viu a galinha, começou a gritar e correr atrás dela pela cozinha, a bichinha conseguiu achar a porta e saiu quintal afora, o pai, bravo, continuou correndo e gritando atrás dela, encontrou uma pedra, pegou, jogou nela, encontrou um tijolo, pegou, jogou - lógico que não acertou - até que a galinha correu pro quintal do vizinho e o pai voltou, tremendo. 

eu, a pequena e o grandinho ficamos na varanda de olhos arregalados, olhando tudo, morrendo de rir! 

e hoje, lá foi ele fechar a porteira e, ao se virar para subir pra casa, a danada da galinha com seus montes de pintinhos estava atravessando o caminho. e não é que a galinha avançou nele! brava! arrepiou suas penas e foi em cima! só parou quando todos os pintinhos atravessaram. foi uma gritaria danada, era grito, com cacarejo, com piado dos pintinhos...

ainda teve mais uma vez. uma galinha entrou na cozinha e o grandinho foi chamar o pai pra espantá-la. ele veio, pegou a bichinha pelo pé e perguntou: vocês já viram galinha voar? e vuuuum!, jogou a galinha quintal afora.

***

o grandinho também já foi atacado por galinha. também, ficou incomodando a bichinha... 

acontece! 



sábado, 10 de novembro de 2012

Mas era só calor do dente

febre alta repentina no mini menino e assim, de repente, eu também paro por uma noite e um dia inteirinho. por  medo que essa febre aumente e seja preciso uma medida urgente. paro por preocupação pelo conforto e bem estar dele. por uma ânsia de dúvida: de onde vem essa febre? o que a causa, meu santo?

a febre segue com vômito. deus, o que será? o que há? em seguida, então, um banho morno no colo e uma roupa quentinha, mas fresca. lição de vó pra baixar febre. como é ruim ver um menino assim - tão pequenininho - pálido.

e peito. e colo. ele dorme bem grudado em mim e eu me sinto a própria cura pra esse dodoizinho tão repentino, tão  simples e cruel com nosso coração de mãe que se aperta por essas intempéries da vida. 

mas como nos fazem nos sentir fortes! necessário o nosso colo, o nosso calor e o acalento que, parece, só nós mães podemos gerar. será? soa a prepotência. 

é que também é bom lembrar dos nossos super poderes. sim, nós os temos: nos braços, nas mãos e na voz que, juntos, nos fazem toda coração e curam o mal estar dos pequenos.


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Saravá, mamãe!

depois de uma semana fora, voltamos e constatamos.

dos ovos da mariposa não saíram lagartinhas, ainda. que bom! continuamos no aguardo.

as íris estão florindo, a castanheira e o jatobá estão lindamente frondosos - santa chuva! 

a amoreira está dando amoras, a mangueira está dando mangas e a goiabeira está dando goiabas.
por aqui está tudo certo!